O
eleitor vota, o candidato fica bem posicionado entre os mais votados,
mas no final das contas não consegue o cargo nas eleições
proporcionais. Resumo: eleitores decepcionados e candidatos com
votações bem menores eleitos. Assim funciona o quociente eleitoral,
que usa o número de votos válidos, dividido pelo número de vagas e
o tamanho das coligações, para definir quem é eleito ou não.
Nas
eleições de 2010, pelo menos 14 candidatos do Distrito Federal que
não se elegeram tiveram mais votos que a deputada Celina Leão
(PDT). A distrital conseguiu se eleger com 7.771, pouco mais da
metade do que o ex-deputado Doutor Charles (PR), que ficou de fora
com 14.329, quando integrava o PTB em chapa com o PRB.
Precisará
de mais
A
vitória de Celina foi conseguida graças à coligação que a
recepcionou, que unia seu então partido, PMN, e o PP. “Ela
beneficia quem nunca conseguiu se eleger, como foi o meu caso. Na
eleição passada consegui 7 mil votos, mas nessas eleições o
mínimo para que um deputado se eleja deverá subir para 10 mil, já
que o número de eleitores subiu no DF”, afirma Celina Leão.
O
quociente para que as coligações conseguissem pelo menos uma
cadeira na Câmara Legislativa eram de 65 mil votos, na eleição
passada. O Tribunal Regional Eleitoral (TRE-DF) ainda não indicou
qual será o número para este ano.
Celina
argumenta que o fato de não existir o cargo de vereador no DF
dificulta a ascensão política de quem tem menos recurso ou pouca
visibilidade. “Quem quer atuar na política tem que começar já
como deputado distrital e muitas vezes não consegue, mas poderia ser
um ótimo vereador e fazer uma carreira na política”, lamenta, que
conclui: “Minha eleição é um milagre!”.
Só
os 24 mais votados levariam
O
ex-deputado
Doutor Charles discorda que a regra do quociente eleitoral seja
a melhor forma de escolha dos candidatos. Ele foi o 15º
candidato mais votado nas eleições de 2010, mas sua coligação não
conseguiu número suficiente para um terceiro candidato e acabou
elegendo os distritais Cristiano Araújo (PTB) e Evandro Garla (PRB).
“Não
é só no meu caso, mas em outros também. Os eleitos, muitas vezes,
não representam a vontade do eleitor.
“Não
é só no meu caso, mas em outros também. Os eleitos, muitas vezes,
não representam a vontade do eleitor.
Quem
votou em mim acabou elegendo outra pessoa, daí eu encontro meus
eleitores e tenho que explicar que tive melhor votação que quase
metade dos que estão lá, mas não fui eleito”, reclama Charles,
que completa: “Acho que deveria se pegar os 24 mais bem votados e
elegê-los”. “Quando acontece de não sermos eleitos, da forma
que foi na eleição passada, ficamos muito chateados, porque existe
todo um investimento de recursos e energia”, lamenta o ex-deputado.
Para
tentar “evitar frustrações”, Doutor Charles se transferiu para
o PR, com o objetivo de poder opinar sobre as coligações. “Uma
coisa que exigi ao entrar no PR foi poder participar da Executiva do
partido e opinar nas decisões. Até agora, tenho sido ouvido pela
direção”, afirma.
Fonte:
Da redação do Jornal de Brasília
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